Acordo selado
2025, fevereiro
Colagem têxtil sobre crochê, feltragem, fio de algodão, bordado em pano de algodão cru e poema
55,4 x 59,8 cm
Com caráter simultaneamente íntimo e documental, a peça é uma colagem têxtil com quatro planos que entrelaçam história e utopia a partir da certeza de que o futuro é ancestral. O crochê evoca um sustento material e simbólico, enquanto o feltro com galhos e um bolso sugere o ato de cuidar e guardar, tradicionalmente associados ao feminino e às técnicas têxteis que subvertem narrativas patriarcais de dominação. Os fragmentos de feltro (re)costurados remontam à ancestralidade da criação manual, celebrando o saber-fazer que atravessa gerações e sustenta a humanidade desde tempos imemoriais. Por último, o poema bordado fala de uma utopia: fazer com que o amor se torne inerente, pulsando silenciosamente em todos como uma força universal. Uma peça que é, ao mesmo tempo, documento e sonho — um manifesto têxtil de conexão, cuidado e esperança.
Costura do avesso
2025, janeiro
Colagem têxtil sobre pano de algodão cru, reaproveitamento de retalhos e tingimento natural
59,5 x 26,5 cm
Não se trata do maior luto o constante devir? Não se trata a vida d’um constante rasgar-se e remendar-se? A concepção da peça atravessou lutos internos para celebrar o eterno ciclo de vida-muerte-vida. O contraste de texturas entre a juta, os fios fiados à mão, as aparas de tecidos, os retalhos manchados ou tingidos naturalmente, a lã rústica e até uma antiga calça materna se entrelaçam para remendar o que foi rasgado. No avesso das linhas, retalhos encontram novos sentidos: costurar cada fragmento do pós-morte é renascer. Como elemento proeminente e focal, um lugar fértil e gestacional afirma que o renascimento é constante. O remendar-se não é linear — linhas se partem na costura do avesso.