Venerar o Mistério

2024, dezembro

Feltragem úmida e feltragem de agulha em lã merino, fiação, bordado, crochê, queima de tecido e LED

73 x 197 x 18 cm

A peça explora o ato de venerar o mistério como uma compreensão intuitiva, equilibrando identidade e ancestralidade. O lençol dos avós evoca a identidade herdada, enquanto a feltragem – moldada pelo ar, pela água e pelo tempo – fala de impermanência, exigindo presença além do controle racional. A forma escultural incorpora o equilíbrio: um espaço dinâmico onde o caos é ordenado pela magia misteriosa do éter. Suspensa entre a matéria e o intangível, a peça se torna o meu quinto elemento, um lembrete de que a presença surge por meio da respiração, do tempo cíclico e da percepção de que não existe “fora”.

O rio é um fio

2024, outubro

Feltragem úmida em lã merino e fio de algodão

62,5 x 37,5 cm

Peça desenvolvida durante a 5ª edição da exposição OpenStudios Faro, em formato de estúdio aberto. Sua concepção faz referência ao ‘Río Abajo Río’, mundo entre-mundos que representa o mistério da criação na tradição latino-americana. Assim como o rio flui, transformando-se sem nunca perder sua essência, o fio nasce de uma frágil fibra que, torcida, se torna forte e dá forma a novos caminhos. Essa descoberta marcou a humanidade e possibilitou novas formas de habitar e viver. Este trabalho celebra o fio da humanidade, um fluxo contínuo que se transmuta a cada geração, mas sempre parte do mesmo novelo.

Avesso do avesso

2024, setembro

Feltragem úmida, fiação e bordado em lã merino, algodão e plástico reutilizado

42 x 37 cm

Fibra, fio, fogo. Quantas vezes é preciso virar do avesso para encontrar o lado certo? 

A peça contempla a dor e a beleza do processo de transformação, que ocorre a partir da angústia que caracteriza a tomada de consciência sobre a necessidade de mudança. Representa o avesso da pele, órgão responsável pelo principal sentido humano – o tato. A fiação, enquanto técnica têxtil essencial para todas as outras, representa a essência ancestral que permanece a cada transmutação.

Rio-montanha

2024, abril

Feltragem úmida em lã merino

37,5 x 37,5 cm

Esse trabalho representa o encontro da artista com a feltragem e, através dela, com uma nova forma de criar. Foi nesse fluxo de experimentação que ela encontrou leveza e contentamento, permitindo-se explorar padrões e cores que hoje são parte de sua identidade criativa. A peça reflete a liberdade do gesto abstrato, como uma dança silenciosa entre mãos e matéria, revelando estados de espírito que se desdobram em camadas de lã. É a manifestação de uma descoberta íntima: um processo quase performático que conecta corpo, cor e criação.